segunda-feira, 16 de julho de 2018

1984


   Em 1984 consegui comprar minha primeira moto.Era uma Yamaha FS1 50 cc,de mil novecentos e antigamente.Foi um negócio da china.Dei como pagamento um aparelho de som dois em um novinho em folha e mais alguns trocados.
Quando fui buscá-la,a encontrei submersa numa grossa camada de serragem.O vendedor,um marceneiro amigo do  meu pai,pareceu até surpreso quando ela funcionou.Acho que ele deu graças a Deus quando se viu livre daquela tranqueira.
   Da marcenaria,fui direto para a casa do graia,me tremendo e com a respiração ofegante de tanta emoção.Coloquei ele na garupa e fomos pro Bem-Te-Vi,um clube da cidade onde tinha uma pista de motocross.A Yamahinha só fazia barulho e mal conseguia sair do lugar.
   Chegando na pista,encontramos o Avenir treinando com sua Yamaha YZ 250 e sem titubear,invadí o traçado pela contramão.O Graia ficou para trás na primeira curva,e as pessoas que estavam na lateral da pista me olhavam como se estivesse acabado de aterrizar ali um ET de Varginha.
   Depois de atravessar algumas costelas de vaca,tentei encarar o King Kong,um salto quase vertical,e a moto parou bem lá no meio.Sem a menor chance de conseguir vencer o obstáculo,voltei ladeira abaixo,me equilibrando para não cair.Nisso,passa o Avenir me olhando com cara de espanto.Deve ter pensado:Diabéisso meu Deus?? De onde é que saiu isso?
   Quando cheguei em casa,depois de algumas horas com a moto,ela simplesmente deixou de funcionar.Resultado:motor fundido.Definitivamente alegria de pobre dura pouco.
   Levei a moto para a marcenaria e a desmontei toda,com a intenção de fazer dela uma café racer.Fabriquei uma rabeta de madeira,number plates de duratex,modifiquei o guidão,retirei toda a parte elétrica,dei um banho de tinta e um bom polimento nas partes cromadas.O problema é que o motor estava tão detonado que não vi muitas chances de conseguir fazê-lo voltar a funcionar.
   Resolvi passá-la pra frente.Troquei a poderosa FS1 café racer por um velho fogão a gaz que fez a alegria da minha mãe ,e um relógio de pulso que derreteu depois que tentei fazê-lo funcionar com energia elétrica.
   Depois da FS1,acabei comprando uma YAMAHA RD75cc.Foi uma melhora de desempenho substancial,mas ainda muito distante das minhas expectativas.Acho que a égua do Jessy,uma velha pangaré que a gente engatava na carroça e descia o cacete para dar cavalo de pau,era mais rápida do que a minha moto.
   Quase todas as noites a gente ia pra porta do cemitério aprender a empinar.Éramos um bando de moleques andando numa roda e tirando o sossego da vizinhança.
   Às vezes a policia aparecia por lá com sua Veraneio cinza e botava todo mundo pra correr.Muitas vezes minha moto teimava em não funcionar e na hora do desespero eu saia empurrando ela ladeira abaixo para me esconder no primeiro refúgio que encontrasse.
   À essa altura o Saci já havia comprado uma YAMAHA RX125 e passava mais tempo em Uberlândia do que em Tupaciguara.Eu e o Graia fomos visitá-lo algumas vezes,inclusive saindo no meio da noite a bordo
da minha moto,sem capacete,sem habilitação e sem a menor noção do perigo.
   Após vender a YAMAHA RD75,comprei uma Mobillete Monark bem novinha,que durou pouco mais de uma semana.Cismei de dar um salto numa pista de motocross e acabei partindo ela ao meio.Além do prejuízo,tive o nariz e as mãos bem esfolados.

YAMAHA FS1 50cc
A YAMAHA YZ 250 DO AVENIR

CICLOMOTOR MONARK

YAMAHA RD75

YAMAHA RX125

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