segunda-feira, 16 de julho de 2018

1982


   Num domingo,eu e um amigo resolvemos ir escondidos para uma represa que ficava bem distante de casa,Seguiríamos por uma estrada de cascalho onde os relatos de acidentes eram constantes.Enquanto combinávamos a transgressão,meu irmão caçula escutou nossa conversa e disse que se não o levássemos junto,ele contaria tudo para minha mãe.
   Teríamos de pedalar bastante e o peso extra dificultaria ainda mais as coisas,mas acabamos cedendo á chantagem e o levamos conosco.Quase chegando na represa,meu amigo,que naquele instante levava meu irmão na garupa,perdeu o controle da bicicleta e caiu um tombo feio.Meu irmão se ralou todo e sofreu vários cortes no rosto.Ficamos apavorados ,sem saber como chegar em casa com ele naquela situação.Até tentamos pedir socorro,mas tivemos de voltar pedalando mesmo.
   A situação era tão grave que tivemos de parar num riacho e cobrir o rosto dele com uma camisa molhada.para tentar estancar o sangramento.Quando chegamos em casa,minha mãe chamou um taxi e correu com ele pro hospital.Tomos mais de quarenta pontos só no rosto.O rosto dele ficou tão inchado que ele ficou irreconhecível.Apesar da gravidade do acidente,tudo terminou bem,e depois de pouco tempo já estávamos prontos para novas aventuras.
   Foi nesse ano que li a primeira revista especializada em motos.Era uma Duas Rodas que ganhei de presente do meu cunhado e trazia na capa uma foto da recém lançada Honda XL250 1982.Foi o início de um vício que já dura mais de trinta anos.A imagem daquele sujeito de roupa prateada trilhando em solo lunar,mexeu comigo de tal forma,que desde então passei a devorar todas as publicações relacionadas ao universo motociclístico.Mal poderia imaginar que vinte e cinco anos depois,veria um das minhas histórias estampando as páginas dessa mesma revista.
   Pescar era uma grande diversão pra gente.Juntávamos vários garotos,acomodávamos os apetrechos nas bicicletas e partíamos em busca de uma boa pescaria.Levávamos de tudo,comida,panelas e até uma cachacinha para esquentar o frio.
   Certa vez,nos preparamos com toda antecedência,mas ao chegar na beira do rio,nos demos conta de que havíamos esquecido o essencial:fósforos!.A unica alternativa foi pegar uma velha espingarda,carregá-la som com pólvora e atirar na camisa de um dos integrantes do grupo.O fogo começou a se formar e sopramos até virar uma chama de verdade.Pronto! a pescaria já não estava mais comprometida.
   Noutra pescaria,outra situação hilária.Depois de passar uns dias internado,vítima de pneumunia,me juntei a outros garotos e pedalamos até um rio não muito distante da cidade.Minha mãe fez uma marmita para que eu levasse e na hora do almoço,uma surpresa:A cabeça de um parafuso que estava misturada á comida quase quebrou meu dente.Não perdi a oportunidade de fazer piada da situação e disse que por estar precisando de ferro no sangue,minha mãe estava me obrigando a seguir uma dieta a base de pregos e parafusos.Muitas gargalhadas nessa hora.

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1986

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